Nos últimos anos, a técnica de imagem sem perdas avançou rapidamente no campo da pesquisa e preservação de pinturas. A análise por fluorescência de raios-X macro (MA-XRF), em particular, tem se destacado como uma ferramenta valiosa para especialistas, permitindo a identificação de pigmentos, a análise de técnicas de pintura e o fornecimento de informações preciosas sobre o processo criativo do artista. No entanto, a técnica MA-XRF gera conjuntos de dados vastos e complexos, representando um desafio para os métodos tradicionais de análise de dados.

Recentemente, pesquisadores italianos aplicaram algoritmos de aprendizado profundo à análise espectral de conjuntos de dados MA-XRF, desenvolvendo um novo método de análise. Este método utiliza mais de 500.000 espectros sintéticos gerados por simulação de Monte Carlo para treinar o algoritmo de aprendizado profundo, permitindo a análise rápida e precisa de espectros XRF em conjuntos de dados MA-XRF, superando as limitações dos métodos tradicionais de deconvolução.

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Para validar a precisão e a aplicabilidade do novo método, os pesquisadores o aplicaram a duas pinturas de Rafael expostas no Museu Capodimonte, na Itália: "O Pai Eterno" e "A Virgem Maria". Os resultados mostraram que o modelo de aprendizado profundo não apenas quantifica com mais precisão a intensidade das linhas de fluorescência, mas também elimina eficazmente artefatos produzidos por métodos tradicionais de análise, gerando mapas de distribuição elementar mais nítidos.

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Através de uma análise comparativa com algoritmos tradicionais de deconvolução, os pesquisadores descobriram que o novo método apresenta desempenho superior no tratamento de linhas elementares com baixa contagem e baixa relação sinal-ruído, permitindo a separação mais precisa de linhas de fluorescência sobrepostas em espectros XRF e, consequentemente, a identificação mais precisa de pigmentos. Por exemplo, o novo método consegue distinguir com precisão os elementos ferro (Fe) e manganês (Mn), com energias semelhantes, assim como chumbo (Pb) e enxofre (S), evitando erros comuns em métodos tradicionais.

Este resultado representa um avanço significativo da inteligência artificial na análise de obras de arte, oferecendo novas perspectivas para a análise mais precisa e eficiente de espectros XRF, especialmente no processamento de grandes conjuntos de dados gerados por técnicas de imagem MA-XRF. No futuro, os pesquisadores pretendem expandir o escopo de aplicação deste método, por exemplo, para inferir a estrutura estratigráfica de pinturas ou comparar dados espectrais obtidos por diferentes instrumentos.

Endereço do artigo: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adp6234