Embora a OpenAI tenha anunciado em maio de 2024 o desenvolvimento de uma ferramenta chamada "Gerenciador de Mídia", que permitiria aos criadores controlar se suas obras seriam incluídas nos dados de treinamento de IA, sete meses depois, esse recurso ainda não foi lançado. A ferramenta tinha como objetivo ajudar os criadores a identificar e controlar o uso de textos, imagens, áudios e vídeos protegidos por direitos autorais, evitando assim disputas legais relacionadas à propriedade intelectual. No entanto, fontes internas revelaram que o projeto não é considerado uma prioridade dentro da OpenAI.
Gerenciador de Mídia: Progresso Lento
A OpenAI planejava lançar o Gerenciador de Mídia antes de 2025, mas atualmente, essa meta parece improvável. Fontes internas indicam que o desenvolvimento da ferramenta está lento, e alguns ex-funcionários afirmam não se lembrar de o projeto ter sido impulsionado ativamente. Embora a empresa tenha enfatizado em maio, no momento do anúncio, que o Gerenciador de Mídia "estabeleceria um padrão para toda a indústria de IA", desde então, a OpenAI não fez nenhuma atualização pública sobre o progresso da ferramenta.
O lançamento da ferramenta deveria oferecer aos criadores uma maneira mais fácil de gerenciar o uso de conteúdo protegido por direitos autorais, mas os mecanismos de exclusão atualmente oferecidos pela OpenAI são esparsos e incompletos. Os criadores criticam os processos existentes de marcação e remoção por serem muito complexos e por faltarem soluções eficazes, especialmente na remoção de obras escritas e vídeos.
Problemas de Direitos Autorais Persistem
A OpenAI enfrenta ações judiciais coletivas de artistas, escritores, agências de notícias e outros, alegando que a empresa usou suas obras para treinamento sem permissão. Essas ações incluem autores renomados como Sarah Silverman e Ta-Nehisi Coates, além de veículos de mídia como o New York Times e a Canadian Broadcasting Corporation. Embora a OpenAI tenha fechado acordos de licença com alguns parceiros, nem todos os criadores estão satisfeitos com os termos.
Um dos desafios da OpenAI é como usar razoavelmente as obras dos criadores sem infringir seus direitos autorais. Embora a empresa argumente que as obras geradas por seu modelo de IA são transformadoras, muitos criadores acreditam que o conteúdo gerado por IA costuma ser uma cópia quase exata de suas obras, constituindo uso não autorizado.
Desafios Legais e Proteção dos Criadores
Especialistas concordam que, mesmo que o Gerenciador de Mídia seja finalmente lançado, ele dificilmente resolverá os problemas legais em torno da inteligência artificial e dos direitos autorais. O advogado de propriedade intelectual Adrian Cyhan observa que a identificação de conteúdo em si é uma tarefa enorme e complexa, e mesmo plataformas gigantes como YouTube e TikTok não conseguiram atingir a perfeição nesse quesito. A OpenAI, por sua vez, precisa lidar com os requisitos legais e os direitos dos criadores em diferentes jurisdições em todo o mundo.
Ed Newton-Rex, fundador da Fairly Trained, afirma que o Gerenciador de Mídia pode transferir o controle para os criadores, obrigando-os a participar ativamente da gestão dos dados de treinamento de IA, embora muitos criadores talvez nem saibam da existência dessa ferramenta. Ele acredita que isso pode levar à utilização em massa das obras dos criadores, mesmo sem sua autorização.
Estratégia de Direitos Autorais da OpenAI e o Futuro
Apesar dos desafios legais, a OpenAI mantém sua posição de "uso justo" e continua a acreditar que o uso de materiais não autorizados no treinamento de modelos de IA é inevitável. A OpenAI declarou publicamente que, sem materiais sem direitos autorais, construir um modelo de IA competitivo é quase impossível. Se os tribunais decidirem a favor da OpenAI em processos de direitos autorais, o Gerenciador de Mídia pode ter pouca relevância jurídica para a empresa.
Atualmente, a OpenAI começou a usar filtros para evitar o uso repetido de conteúdo com direitos autorais restritos, embora essas medidas não sejam perfeitas. Se, no futuro, os tribunais considerarem que o conteúdo gerado por sua IA tem um "propósito transformador", semelhante à decisão do caso de digitalização de livros do Google em 2009, a OpenAI poderá continuar seu trabalho de treinamento de IA sem depender tanto do Gerenciador de Mídia.